sábado, 2 de outubro de 2010

[continuação 2.2]

24 de dezembro, já era véspera de natal e eu estava indecisa, não sabia onde passaria a noite, com  minha família ou com meus amigos...
-Ah sei lá Anne, acho que tu deveria ir pra casa dos teus pais... –disse Sam
-Tu ta me chutando Samantha? –arqueei a sobrancelha
-Não, é que datas como essa a gente fica com a família né!
-Eu sei, mas é que o clima lá em casa ta tenso amiga!
-Pois é, mas tu tem que esquecer dessas brigas Anne, só por hoje, é natal poxa... –sorriu
-É, vou fazer isso! –sorri

Liguei pra minha mãe, combinei tudo, à noite eu iria pra lá passar a ceia com toda minha família, pai, mãe, tios, primos, avós e afins.

Falando em natal, lembrei que Marina havia dito na carta, que nosso amor era como uma linda noite de natal, ah como ela me fazia falta, não queria passar essa noite longe dela, queria poder abraçá-la, beijá-la e encher ela de presentes, como eu sempre fazia em todos os natais.
Mesmo sabendo que essa noite provavelmente eu não a veria, resolvi dar-lhe um presente, bem diferente de todos que eu já dei, uma surpresa, que eu sei que quando ela visse, iria amar.

“Amiga, preciso que tu me encontre urgentemente no parque às 15:00 horas, em frente ao bazar da tia Nica. Beijos Anne.
PS: tenho um presente de natal pra ti! *o* “

Mandei essa mensagem para minhas melhores amigas: Vick, Sam, Mel e Nanda.
E por incrível que pareça elas estavam lá, e no horário certo, fiquei pasma.
-Ei Anne, o que são essas caixas? –questionou Vick quando me viu chegar
-Tá atrasada hein filha... –resmungou Nanda
-Deve ser o meu presente! –sorriu Mel
-E o meu também! –disse Sam animada
Cheguei sem responder, apenas pedi para elas me seguirem até um banco que tinha perto de uma árvore que havia no parque, larguei as caixas e sentei. Fiquei a observar a árvore e as caixas...
-É, acho que dá sim...-falei pra mim mesma
Elas ficaram me olhando confusas...
-O que tu ta lokiando ai Anne? –indagou Sam
-Estou pensando se...-dizia eu
-Uau, ela pensa – Mel me interrompe e ri
-Como eu estava dizendo, estou pensando se o que eu trouxe vai dar...-disse fitando a árvore e ignorando  Mel
-Vai dar? –perguntou Nanda sem entender
-É, se vai dar pra enfeitar a árvore... –respondi
-Que árvore? –questionaram juntas
-Aquela árvore! –disse apontando para a mesma.

Elas ficaram por um tempo olhando a árvore, confusas, foi engraçado...
-Pra que tu quer enfeitar essa árvore criatura? –perguntou Nanda
-Porque é natal!  –sorri
-Meu Deus, ela é enorme! –disse Vick fitando a árvore
-Isso que é espírito natalino hein! –debochou Mel
-Tu não iria enfeitar uma árvore desse tamanho só porque é natal Anne... –disse Sam desconfiada
-É claro que não! –sorri
-Então... –disse Sam
-É pra Marina! -respondi
-Como assim? Como ela vai ver? Ela voltou? –disse Mel
-Não, ela não voltou, mas eu sei que ela vai ver essa árvore enfeitada... –sorri ao olhar pra ela
-Com tanto presente pra ti dar pra ela, por que logo uma árvore? Olha o tamanho disso! –Nanda arregalou os olhos
-É que ela ama árvores de natal. E eu não vou dar pra ela, só vou enfeitar PARA ela! –sorri
-Huun! Gostei  -sorriu Sam
-Então...mãos a obra! –disse levantando e abrindo as caixas com os enfeites
-O que? Tu vai fazer a gente enfeitar essa coisa ai também? –reclamou Mel
-É lógico, por que tu acha que eu te chamei aqui então? –disse
-Pra me dar um presentinho de natal? –sorriu Mel e eu comecei a rir
-Tu acha que a Anne ia dar presente de natal pra gente? –disse Nanda rindo
-E por que não daria? –Mel fez cara de criança pidona
-Hello! Ela disse que ia nos dar presente só pra gente vir aqui dã! –disse Vick
-Amém senhor! –exclamei
-Ela nos usou! –disse Mel inconformada, nós rimos
-Parem de reclamar! Vamos ajudar a Anne de uma vez... –disse Sam pegando enfeites diversos da caixa

Ficamos a tarde toda conversando enquanto enfeitávamos a árvore, lembrando dos vários momentos que passamos juntas, principalmente os engraçados. Vick e Sam não paravam um segundo de discutir, eu e as gurias riamos delas, era engraçado de ver uma pegando no pé da outra, chegamos a conclusão que toda essa briga devia ser amor.
Já havia anoitecido quando terminamos de enfeitar, ela ficou linda toda enfeitada e iluminada.
Agradeci minhas amigas pela ajuda, levei Vick, Mel e Nanda até suas casas, eu e Sam fomos para o apartamento tomar um banho e nos arrumar, pois mais tarde cada uma iria para a casa de sua família passar o natal.

Deixei Sam na casa dos seus pais e fui para a casa dos meus.
Lá estava toda a minha família, completa, me espantei, tinha até um primo meu que eu nunca vi antes na vida.
A casa estava toda enfeitada, bem nos espírito natalino mesmo, a mesa farta, a arvorezinha de natal num canto, presentes embaixo dela, a família toda reunida na sala conversando, eu fiquei feliz por ver todos juntos e em harmonia, fazia tempos que isso não acontecia, só o natal mesmo para reunir a família em peso. Mas apesar de tanta coisa boa que estava acontecendo naquela noite, eu sentia um vazio dentro de mim e esse vazio não era fome, mas sim saudades, uma imensa saudade que eu sempre carregava comigo, e a culpada era ela, a mulher que eu mais amo, Marina.
Senti vontade de chorar, fui até meu antigo quarto e tranquei a porta, fiquei revirando uma caixa de fotos e cartas, que eu resolvi não levar embora comigo, preferi deixar na casa dos meus pais, para evitar ficar olhando e chorar ainda mais. Mas naquele momento tinha nas mãos uma foto do natal passado, Marina e eu estávamos juntas, com taças de champanhe na mão, sorrindo e felizes. Ela estava tão linda na foto, com os cabelos cumpridos, um sorriso enorme no rosto, ela estava feliz, muito diferente da Marina de hoje.
Guardei a foto ao me dar conta que eu já estava aos prantos olhando para ela, ao fechar a caixa senti uma fincada forte no peito, soltei um gemido de dor, me sentei na cama com a mão no peito, fiquei parada olhando para o nada, pensando e desejando estar com Marina nesse momento, só Deus sabia a falta que eu sentia dela, o quanto me doía por dentro ficar longe daquela mulher que eu tanto amo, embora eu me faça de durona durante o dia, o que ninguém sabe é que eu choro todas as noites desde que ela me deixou.
Enxuguei minhas lágrimas e voltei para a sala, já iriam servir o peru, e como sempre, eu fui a primeira a se sentar à mesa...

-Mas a Anne já ta ai! –exclamou minha avó
-Claro Vó! Tô esperando a bóia! –sorri
-Mas eu lembro, desde pequena, tu sempre é a primeira a se sentar à mesa... –disse minha avó sorrindo ao lembrar
-É porque ela é esfomeada vó! –disse Roberto rindo
-Olha quem falando! Gordo! –botei a língua pra fora
-Que nada, sou bem magrinho, olha aqui... –disse Roberto mostrando sua barriga enorme, eu apenas ri
Fiquei algum tempo brincando com os talheres, batendo nos copos e pratos, tentando fazer alguma melodia, e como sempre minha mãe me xingou...
-Tu vai quebrar esses copos guria! –gritou minha mãe da sala
-Nem vou mãe!  Olha que tri minha nova música... –disse batendo novamente nos copos
Ela veio até mim e tirou os talheres da minha mão...
-Tu parece criança Anne... –resmungou
-Mas eu sou teu bebê mãe! –disse fazendo biquinho, ela me deu um beijo na bochecha
Logo o peru estava pronto, todos se sentaram à mesa...
-Esqueci dos guardanapos, Anne pega lá pra mim! –disse minha mãe
-Tá  -respondi
Ao me levantar senti algo vibrar no bolso, era meu celular, atendi enquanto ia até a cozinha...

-Alô! Régis? Como? Tá, to indo agora mesmo ai!


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