segunda-feira, 25 de outubro de 2010

[continuação 2.4]

E lá estava ela, fria, pálida, sem aquele belo sorriso que eu sempre amei ver estampado naquela boca rosada, que agora estava branca,  parecendo tímida,  querendo não sorrir, na verdade ela não poderia sorrir, nem se eu suplicasse. 
A sua voz  eu não poderia mais ouvir, agora me bate um arrependimento das vezes que pedi para ela ficar quieta, não sabia que vê-la quieta assim me faria tão mal, a sua respiração ofegante eu não poderia mais sentir, nem o gosto dos seus beijos, nem o toque suave daquelas delicadas mãos, eu não sentiria mais o seu corpo quente sobre o meu, e o pior de tudo, nunca mais ouviria ela dizer “eu te amo”.
Enxuguei minhas lágrimas enquanto observava ela deitada, dentro de um lugar que eu jamais quis vê-la, na verdade eu sempre pensei que ela me veria primeiro lá dentro, sei lá, acho que qualquer pessoa que tem um grande amor, jamais pensaria que ele fosse partir primeiro que você, e no meu caso não foi diferente.

-Amiga! –Samantha estendeu os braços quando me viu

Eu a abracei fortemente, eu precisava de consolo, precisava de alguém ali comigo, fiquei um bom tempo abraçada nela, de certa forma aquela abraço me confortou.
Logo atrás estava Mel, que também me deu um abraço forte e duradouro...

-Amiga, sinto muito... –disse Mel sem jeito, eu não respondi nada

Elas ficaram ali comigo, abraçadas a mim, uma de cada lado, parece que elas sabiam que eu precisava de apoio, eu já não estava mais agüentando, minhas pernas desabariam a qualquer momento, me segurei nelas, só amigas mesmo para nos fazer sentir um pouco melhor nessas horas.

-Toma Anne... –disse Roberto me dando uma xícara com café
-Não quero mano! –disse recusando
-Por favor  Anne, tu  está quase um dia inteiro sem colocar nada no estomago!
-Tá   –disse pegando a xícara. Eu não estava com fome e muito menos com sede, aceitei para não fazer desfeita, ele estava apenas tentando cuidar de mim.

Demorei quase meia hora pra por aquele café no estomago, realmente eu estava sem a mínima fome.
Ficar naquele lugar não me fazia bem, resolvi ir para fora, queria sentar em um banco e respirar.

-Victória  –estendi os braços quando a vi chegar
-Amiga, sinto muito... –disse Vick  gaguejando

Não preciso dizer que eu desandei a chorar quando ela me abraçou, ela era minha melhor amiga, aquela de infância, ela acompanhou minha história com Marina desde o inicio.

-Perdi ela amiga, pra sempre... –disse aos prantos

Ela não falou nada, Vick sabia que qualquer palavra que ela falasse não faria eu me sentir melhor, não faria passar a dor que eu sentia naquele momento, então ela apenas me abraçou forte.
Ela ficou ali comigo por algum tempo, logo depois ela foi lá para dentro dar um abraço na família.
Eu comecei a andar pelo cemitério, me distanciei bastante de onde todos estavam, eu queria respirar, eu queria pensar, precisava chorar sem ninguém por perto, precisava falar pra Deus a dor que eu sentia, o vazio que cada vez mais tomava conta de mim. Eu não queria pensar de como seria a vida sem ela.

-E agora Deus? A metade de mim se foi, eu estou me sentindo morta, não quero mais viver, não tem por que viver mais, eu vivia pra ela, eu vivia para amar ela, e agora que ela se foi, o que eu faço com esse amor que eu tenho no peito? Eu não quero jogar fora, eu não quero dá-lo a mais ninguém, porque ele pertence a ela...
Continuei andando, fitando os túmulos, eu não prestava atenção, mas ficava um bom tempo olhando.
-Por que tirou ela de mim Deus? –disse olhando para o céu
Estava um dia de sol radiante, mas por que para mim o dia parecia feio? Se o sol estava lindo e mais brilhante do que nunca.

-É que o céu acabou de ganhar mais um anjo Anne!  –respondeu meu sub consciente tentando me consolar
-Será que eles lá em cima sabem que esse anjo cuidava de mim?  E que agora sem ele eu estou desprotegia?
- Só porque não está mais do teu lado, não quer dizer que ele não vai mais te proteger Anne...

Dessa vez eu não quis respondê-lo, ele não entenderia, diria pra mim que foi melhor assim, que assim ela não sofreria mais, que agora ela estava ao lado de Deus.  Assim como eu também jamais conseguiria entendê-lo, a única coisa que eu desejava era ter ela com saúde aqui do meu lado, só isso, seria pedir demais?
Tanta gente ruim pelo mundo e justo ela tinha  que partir? Por que comigo?  Por que tirar ela de mim desse jeito Deus? Por que?

Eu já estava ficando indignada com Deus, aquilo não me entrava na cabeça, eu não conseguia aceitar, poxa, ela era jovem, linda, com tanta coisa pra fazer na vida...
Novamente eu enxugava minhas lágrimas, que nesse momento não paravam de cair, eu me sentia como uma nuvem carregada, pronta pra deixar cair uma enorme tempestade, uma tempestade que me deixaria muito mal.
Resolvi voltar, meu irmão deve estar preocupado achando que eu estivesse fazendo alguma loucura.
O padre já estava lá fazendo a sua oração junto a todos presentes, a sala estava cheia, mesmo querendo eu não conseguiria entrar lá. Fiquei do lado de fora, ouvindo tudo que o padre falava mas sem prestar a mínima atenção, durante algum tempo fiquei conversando com Marina, eu não estava louca, eu sei que a onde ela estivesse, eu sei que ela me ouviria, sei lá, só queria me despedir, dizer que a amo e que jamais iria esquecê-la.
Me obriguei a lembrar dela apenas nos momentos felizes, porque esses são os que ficam eternizados na mente, e eu sei que são esses mesmos que ela gostaria que eu lembrasse.

-Vem Anne... –disse Vick me abraçando, a reza já havia terminado e eu nem percebi

Estávamos indo em direção a sepultura dela e durante todo o sepultamento eu permaneci quieta, também já não havia mais o que dizer.

-Mamãe vai chover  –ouvi uma voz de criança atrás de mim
-Fica quietinha filha!

Fitei o céu, ele estava completamente diferente, estava nublado, estava escuro, carregado de água, do mesmo modo como estava minha alma dentro de mim.
Quando menos percebi já não havia mais caixão, as pessoas já estavam indo embora...
-Vem Anne, vamos lá pra casa... –disse Sam
-Não, vou ficar aqui mais um pouco!
-Tá bom, vou te esperar lá na entrada! –balancei a cabeça concordando, ela me deu um beijo na bochecha e foi.

Fiquei ali, de pé, fitando a sua sepultura, pensando,  o vazio dentro de mim era tanto, que eu não tinha nem lágrimas mais pra derramar.
Coloquei  em cima do tumulo uma rosa vermelha que eu estava segurando...

-Por favor, volta um dia pra me encontrar, tu prometeu!





Em Memória Amorosa

Obrigado por tudo que você fez
Eu senti sua falta por tanto tempo
Eu não posso acreditar que você tenha ido e
Você ainda vive em mim
Eu sinto você no vento
Você me guia constantemente

Eu nunca soube o que era
Estar sozinho... não
Porque você sempre estava
Lá para mim
Você estava sempre lá esperando
Mas agora eu vou para casa
E sinto falta do seu seu rosto
Sorrindo para mim
Eu fecho meus olhos para ver
E eu sei
Você é uma parte de mim
E é sua canção
Que me deixa livre
Eu canto ela quando
Eu sinto que eu não posso mais segurar
Eu canto hoje à noite
Porque ela me conforta

Eu carrego as coisas
Que me fazem lembrar de você
Em memória amorosa da
Única que era tão real
Você era tão amável quanto você podia ser
E embora você tenha ido
Você continua sendo como o mundo para mim

Eu nunca soube o que era
Estar sozinho... não
Porque você sempre estava
Lá para mim
Você estava sempre lá esperando
Mas agora eu vou para casa
E não é o mesmo, não
Eu sinto ela vazia e só
Eu não posso acreditar que você tenha ido
E eu sei
Você é uma parte de mim
E esta é sua canção
Que me deixa livre
Eu canto ela quando
Eu sinto que eu não posso mais segurar
Eu canto hoje à noite
Porque ela me conforta

Eu estou alegre, ele deixou você livre da tristeza
Eu ainda lhe amarei mais amanhã
E você estará aqui
Ainda comigo
E o que você fez, você fez com sentimento
E você sempre achou o significado
E você sempre vai
E você sempre vai
E você sempre vai

E eu sei
Você é uma parte de mim
E é sua canção
Que me deixa livre
Eu canto ela enquanto
Eu sentir que eu não posso mais segurar
Eu canto hoje à noite
Porque ela me conforta

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